Quando ele tiver cinco ou seis anos, estaremos a contar um ao outro os acontecimentos do dia. O relato dele será sobre a escola e o meu será de um episódio engraçado no trabalho. Sentado no sofá, ouvindo-o com orgulho e grande animação a contar a história do golo que marcou no pátio da escola. Estarei todos os dias da vida dele a criar memórias que ficarão para sempre.
Como humano que sou, sei que as memórias podem definir os nossos comportamentos, as crenças sobre nós mesmos, como vemos os eventos e como lidamos com os desafios — até mesmo como formamos relacionamentos e o quanto bem-sucedidos nos podemos tornar. Por outras palavras, as memórias de um filho moldam a vida dele, a maneira como ele lida com as experiências adultas e quem ele se torna ao entrar na idade adulta.
O meu comportamento em relação a um filho tornar-se-á mais atencioso conforme eu tente conscientemente dar exemplos positivos e desenvolver o seu pensamento, as suas capacidades de comunicação e interação com outras pessoas. Tornar-me-ei mais cuidadoso ao passar tempo com ele depois da escola, festejar feriados e eventos do dia a dia, sabendo que tudo isso constitui uma oportunidade de fazer memórias que construirão o futuro dele. Em vez de ser apenas um pai, tornar-me-ei um criador de memórias.
Com isso em mente, a minha atitude em momentos de frustração muda. Quer seja o transporte público que está atrasado ou ele que esteja a reclamar estar aborrecido, eu vejo esses tempos como oportunidades de desenvolver o relacionamento e criar memórias que aumentarão a capacidade de lidar com o que a vida sem dúvida lhe atirará quando ele for adulto. Claro que também haverá momentos em que nos vamos apenas divertir só porque sim ou agiremos de acordo com o que estiver a acontecer no momento.
Vamos criar memórias ao longo das nossas vidas, mas nenhuma é tão importante quanto as que criamos enquanto crianças e jovens adultos. Durante os primeiros dez a 15 anos de vida dos nossos filhos, e especialmente quando são mais jovens, nós, como pais, temos o poder de criar memórias aos nossos filhos que afetarão o resto das suas vidas. É um pensamento incrível e uma responsabilidade enorme, mas também pode ser uma experiência maravilhosa para nós e para eles.
O natal, os aniversários e as férias escolares são momentos perfeitos para criar memórias e é com frequência isso que subconscientemente nos propomos fazer através dos nossos planos. No entanto, não são apenas os grandes momentos que criam memórias importantes; os pequenos eventos do dia a dia são frequentemente os que têm maior influência. O modo de nos relacionarmos com os nossos filhos afeta a maneira como eles tendem a desenvolver relacionamentos e amizades na vida adulta. A forma como eles nos veem a enfrentar os desafios — celebrando ou lamentando — e a desenvolver as nossas amizades e sucessos terá um efeito em como eles lidam com situações semelhantes na idade adulta.
Ser um criador de memórias exige que estejamos atentos às necessidades e desejos dos nossos filhos. Não é suficiente estar apenas fisicamente presente, precisamos de estar emocional e psicologicamente disponíveis também.
Se tivermos o telemóvel agarrado à palma da nossa mão e a atenção desviada sempre que algo acontece nas redes sociais, quando um e-mail entra, um texto aparece ou uma notificação de notícias surge, os nossos filhos provavelmente sentirão que não são importantes o suficiente para prender a nossa atenção. Se estivermos constantemente distraídos, eles começarão a acreditar que não merecem ser amados.
Estar psicologicamente disponível é mais do que responder às perguntas deles. Quando, como pais, damos aos filhos toda a nossa atenção, tornamo-nos abertos e disponíveis para eles, e passamos a conhecê-los de uma forma só possibilitada por esta abordagem. Estar atento às necessidades emocionais e perceber as nuances ajudar-nos-á a responder com empatia e compreensão, com amor e apoio.
Os pais que estão disponíveis desta forma, ajudarão seus filhos a desenvolver:
- autoconsciência emocional,
- comunicação verbal,
- resiliência psicológica,
- capacidades de relacionamento,
- aceitação de si e dos outros,
- capacidade de dar e receber afeto,
- visão do que é certo e do que é errado,
- a sua capacidade de amar, compreender e responder apropriadamente aos outros.
Vejo muitos adultos em terapia que não receberam esse nível de atenção e afeto durante a infância, adultos cujas emoções estagnaram no passado. As suas reações emocionais às vezes são inadequadas à vida adulta.
Os pais podem empenhar-se em fazer o seu melhor, atendendo às necessidades físicas que eles acreditam ser adequadas, mas esquecendo a atenção, a proximidade emocional, o apoio e a contenção de que as crianças precisam para desenvolver uma base estável a partir da qual possam explorar e viver o mundo como crianças, e mais tarde, como adultos.
Darmos a uma criança toda a nossa atenção tem mais probabilidades de criar memórias positivas sobre as quais ela possa construir o seu futuro, do que mantermo-nos a par das redes sociais, dos e-mails de trabalho ou de qualquer outra coisa que façamos online.
Se a construção da memória faz parte de um relacionamento diário entre pais e filhos, mesmo que seja apenas meia hora por dia dedicada a dar atenção total aos nossos filhos, isso fará uma enorme diferença na maneira como eles se desenvolvem e se transformam em adultos equilibrados e estáveis.
Será que o registo fotográfico pode entrar aqui? Sabias que a fotografia relembra momentos já esquecidos?!
Muitas vezes, ouço clientes dizerem que querem dar algo em troca à sociedade. Criar memórias que permitam que os nossos filhos cresçam e se tornem indivíduos bem formados que possam participar e talvez até fazer a diferença na sociedade certamente deve ser a contribuição mais importante que nós, como pais, podemos fazer. Os fabricantes de memória não se limitam a criar memórias, eles criam o mundo em que vivemos.
Eu cometerei erros na minha paternidade: nos dias em que o trabalho for stressante, eu não entenderei algumas situações. Qualquer que seja o erro que o meu filho cometa, tentarei desculpar e entender, afirmando que não há problema em cometermos erros, desde que os admitamos e lidemos apropriadamente com as consequências.
O simples facto de dizer que eu poderei lidar melhor com isso tem sido suficiente para redefinir uma situação que deu errado e dar o exemplo de aceitar que não somos perfeitos, somos projetos em curso.
Dito isto, não serei de forma alguma um pai perfeito, mas tentarei fazer o meu melhor e acredito que isso é tudo o que qualquer um de nós pode fazer.
Embora possamos sentir-nos desamparados face a situações políticas, se nos tornarmos fabricantes de memória, iremos moldar o futuro. Independentemente de criarmos memórias boas ou não tão boas, iremos influenciar o futuro da vida dos nossos filhos e, consequentemente, o futuro das nossas sociedades. Este é um pensamento incrivelmente poderoso, não achas?
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